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Traição? Não sei de mais nada! - Final!

Postado por Roberta Farig às 10:26
Continuando nosso conto...


Traição? Não sei de mais nada!

Respiração não existia naquele momento. Eu estava sem ar!
"Deus, o que eu fiz?"
Não conseguia olhar em seus olhos, buscava forças.
- Preciso me sentar.
- Claro, eu te ajudo, Bianca. - Disse ele com a maior naturalidade possível.
Entrei em seu carro e ele fechou a porta. - "NÃO!" Pensei em abrir a porta e sair correndo, mas minhas pernas tremiam, e algo me mantinha ali, estática, sentada dentro daquele carro. Ele logo entrou e sentou-se no banco do motorista. Quieto ficou me observando por alguns segundos.
- Eu preciso ir para casa. - Disse com a voz baixa e sem muita vontade.
- Tudo bem, eu levo você.
E assim percorremos boa parte do trajeto, calados. Olhava pela janela com medo de estar sendo observada, de ser julgada. 
"Eu beijei outro homem!"
- Bianca eu sinto muito por ter te causado um susto tão grande. - Ele quebrou o silêncio. - Não posso dizer que me arrependi, pois isso seria mentira, mas acho que minha ousadia foi demais.
O que responder? Eu não sabia o que falar e pior era o conflito de querer mais e não poder. Isso estava me matando. Afinal, não é porque eu fui traída que pagarei na mesma moeda. Isso não é certo. Mas e toda aquela necessidade de mudança, de viver o novo, o inesperado? Diante da traição do Edu, eu tinha o direito de recomeçar minha vida, de me reencontrar. Mas não assim tão rapidamente né? Nem bem chorei o defunto. Na verdade estava surpresa com a frieza que eu estava tratando tudo que o estava acontecendo. Era surreal, um filme de doido. Nem sabia se teria mesmo coragem de dar um ponto final em meu relacionamento. Afinal e se foi apenas aquela vez? E se não significou nada para o Eduardo. Ela pode ter se aproveitado que ele estaria no escritório e ter se insinuado para ele, não sei.
"Por favor, Bianca não seja assim tão idiota."
tava na cara que ali existia muito intimidade e toda uma programação de orgia para a tarde toda. Por isso o escritório estava fechado e ele me disse que não viria almoçar, pois iria estar ocupado em uma reunião. Pois sim, uma orgia, isso sim!
- Desgraçado! - Falei em voz alta.
- Oi? - Perguntou Augusto.
- Desculpe, não estava falando de você, apenas pensei alto.
- Que bom. - Ele deu uma risada. - Achei que o xingamento fosse para mim.
Me obriguei a rir também e então a olhar para ele enquanto dirigia.
Ele era um belo homem, jovem e com tudo em cima. Um sorriso maroto, não muito largo, mas o suficiente para mostrar o quão lindo é. Lembrando do beijo, senti um arrepio percorrer meu corpo, uma vontade de agarra-lo novamente. Loucura, eu sei, afinal tenho idade para ser a mãe dele, com certeza, mas que ele acendeu em mim uma chama que estava apagada eu não posso negar.
Assim que chegamos pedi que ele entrasse diretamente na garagem, pois não queria ser vista com um aluno da universidade. Acionei o controle automático do portão e entramos.
- Esta entregue! - Disse ele sorridente.
- Sim! - Respondi sem vontade nenhuma de dar tchau.
- Bianca mais uma vez sinto muito por ter te constrangido tando. Nem sei o que pensei na hora, agi apenas com a emoção, esquecendo a razão no bolso.
- Tudo bem Augusto, não se desculpe. Afinal devemos nos arrepender do que não fazemos e não do que fazemos.
O que eu tinha dito agora estava fazendo sentido para mim. Me arrependo tanto pelo que eu não fiz, que esqueço de viver e ousar, tentar ser feliz de outras maneiras, com outras perspectivas.
- Estais certa. Vou ajuda-la a sair do carro.
Ele deu a volta no veículo e eu pude observa-lo melhor. Que gato! Ele abriu a porta do carro para que eu descesse. Olhei bem aqueles olhos escuros que tinham um convite estampado em seu brilho, o de viver.
- Quer entrar um pouco, Guto?
- Claro!
Ele nem pensou em responder e eu perdi totalmente a vergonha na cara.
Entramos e eu disse que ele ficasse a vontade, pois iria ao meu quarto. Lá dentro parecia uma adolescente, totalmente nervosa e ansiosa. Abri meu guarda roupa e escolhi um modelito bem praia que comprei em minha ultima viagem ao Rio de Janeiro com minha filha. Ela insistiu tanto que comprei um vestidinho vermelho rodado, mas muito curto e decotado. Na época disse a ela que iria apenas ocupar espaço no guarda roupa, mas hoje sei que ele vai servir muito bem. Ele é prara ser usado com biquíni ou então sem sutiã, optei por ficar a vontade. A calcinha troquei por uma mini calcinha de renda branca, simples e sensual. Olhei no espelho, prendi meus cabelos em um coque desajeitado e fui para o encontro do homem que me esperava em minha sala, sem saber ao certo se o que eu poderia vir a fazer era bom ou não.
- Quer beber alguma coisa ou comer? - Perguntei assim que apareci na sala.
Ele ficou me olhando por longos segundos antes de responder.
- Por enquanto queria um copo de água, por favor.
"Água?"
Precisava de mais do que isso para me manter ali ao lado dele e sei lá por qual motivo. Eu estava era me iludindo. Onde já se viu uma velha como eu achar que um jovem lindo ia querer algo comigo. Idiota! Ele me beijou no impulso, e nada mais.
Levei o copo de água para ele e para mim um copo de suco de laranja bem gelado.
O silêncio era torturante. Nem ele e nem eu falávamos nada, apenas olhávamos em volta e um para o outro. Alguns minutos depois ele quebrou o gelo, para minha tristeza.
- Bom vou indo!
- A sim, claro. Desculpe e obrigada pelo bom papo e por ter me trazido para casa, Augusto.
- Me chame de Guto, Bianca, apesar de que meu nome em sua boca ficou muito sensual.
Que isso gente? Ele não falou aquilo olhando para a minha boca, falou?
Sorri totalmente desconcertada.
- Ficou vermelha! - Ele tocou meu rosto.
"Posso morrer agora?"
O clima esquentou e sua mão parecia gelo para meu rosto pegando fogo, acho que meu corpo todo estava nessa temperatura. Fechei os olhos e senti seus dedos me tocarem.
- Não faça isso, Bianca!
- O que? - Levei um susto ao abrir os olhos e pegar ele a alguns centímetros de minha boca.
- Não responderei por meus atos se você morder o lábio mais uma vez.
"Não fiz isso, fiz?"
Olhei para ele ali bem perto, tão perto que acho que ele podia sentir minha pulsação, assim como eu sentia a dele.
- Bianca, não quero te obrigar a fazer nada, mas se me permitir, eu quero ter você.
- Me ter?
Ele me olhava incrédulo, totalmente envolvido, era notório e eu cada vez mais sedenta de estar em seus braços e sentir sua boca novamente.
Respirei fundo e engoli a saliva que se formou em minha boca. Era desejo.
- Mais um sinal moça e eu não responderei por meus atos.
Eu estava no jogo, estava gostando de viver cada fase, passar por cada obstáculo e louca para chegar na fase final. Apenas sorri e pisquei o olho.
"Essa não sou eu! Mas foda-se!"
Nada mais precisou ser feito ou dito. Ele me tomou em seus braços, ali mesmo no sofá da minha sala. Beijou-me como nunca fui beijada ou não me lembro disso, de sentir o que eu estava sentindo. Uma mistura de felicidade e necessidade, como se aquele beijo estivesse recarregando minhas energias. Quando dei por mim, agarrada em seu pescoço, fui para em seu colo, sentada com as pernas em volta do corpo dele. Ele gemeu e apertou minha cintura, levando meu corpo junto ao dele.
Parei para respirar um pouco, enquanto sua boca beijava meu pescoço. Olhei para o céu e por um segundo pensei em parar em não levar aquela loucura a diante.
- Bianca, você mexe comigo.
Pronto se tinha alguma dúvida, não tenho mais. Eu queria ser dele, ali, naquele momento. Acariciei sua nuca e voltei a dar minha boca a ele. Beijamos-nos muitas e muitas vezes. Com mordidas, com voracidade, delicadeza, de todos os jeitos que eu ansiava por beijar. Ele apertou minha bunda e eu nunca pensei que gostaria disso. Foi como uma injeção de combustível para a minha vontade de entregar-me a ele.
Logo meu vestido estava pela metade em meu corpo, com meus seios a mostra. Tive receio, e ele percebeu, pois sei da minha idade e da ação do tempo, mas ele soube conduzir tudo com tanta naturalidade que passei a me sentir uma garota de vinte anos, com tudo em cima. Não demorou minha para eu tirar sua camisa e poder tocar aquele corpo todo definido de alguém que se gosta e se cuida. Ele era delicioso. Minhas mãos ousadas o acariciaram onde eu nem imaginava que teria coragem de chegar, não com outro homem. Ele tinha fartura em tudo naquele bendito corpo. Provou isso quando levantou-me em seus braços e voltou a me colocar no sofá. Tirou o resto do meu vestido, deixando-me apenas de calcinha. Ele aproveitou e ficou completamente a vontade. Nu!
"Jesus me abana!"
Ele era mais que perfeito, era delicioso, era tentador.
- Mordendo a boca novamente, moça.
Sorri, pois nem tinha percebido. Com o dedo indicador fiz sinal para que ele se juntasse a mim e assim ele fez. Continuou sua trajetória de beijos pelo meu corpo. Insinuou de abocanhar-me onde eu até desejava, mas preferi não ousar tanto, permitindo apenas que ele sentisse meu cheiro através da calcinha. Mas ele arrancou a calcinha com os dentes, literalmente, rasgando-a em dois pedaços. Achei aquilo tão brutal, tão sexy, sendo que ate poucos instantes atrás, se alguém me dissesse que passou por isso, eu diria que era abuso. Mas foi quente, foi estimulante.

Imagem retirada da internet
Agora os dois nus, passamos a percorrer um o corpo do outro. Não pude segurar minha vontade de toca-lo e exita-lo. Foi tão bem senti-lo gemer em minha boca, enquanto minha mão brincava com ele e a dele agarrava meu cabelo com força.
Já não estávamos mais suportando, e ele, como um homem sexualmente ativo, logo vestiu o preservativo e me abraçou com força.
- Vou te possuir, Bianca. E esse é o momento de você dizer que não.
Olhei para ele, beijei de leve sua boca e sorri.
- Use e abuse!
Era tudo que eu queria naquele momento, ser usada e abusada sexualmente por aquele homem. Queria esquecer o antes, não pensar no depois e viver cada instante dele dentro de mim.
E foi forte, foi intenso. Ele penetrou sem muita cerimonia. Gemi ao senti-lo grande e grosso dentro de mim, mas não senti dor, pois o prazer que ele me proporcionou antes, já me preparou para aquele encontro.
ele tinha um ritmo intenso e forte. Sentia estocar dentro de mim sem medo, totalmente conhecedor do que estava fazendo. E sua segurança me fez soltar um lado meu adormecido e que necessitava acordar.
Logo eu estava em cima dele, cavalgando como uma amazona, totalmente dominadora e feliz. Ele era perfeito, me fazia sentir a mulher mais gostosa do mundo. Falava ao meu ouvido coisas que sempre quis ouvir, e permitia que minha mente nos transportasse para um local vazio, só nosso, sem lembranças, apenas com as certezas que aquele momento me trazia.
Em pouco tempo eu estava entregue a um orgasmo fora do meu normal e cai em cima dele, entregue. Mas quem disse que ele me deu um tempo? Nem pensar. Virou-me de costas, no chão, e passou ele a dominar a situação, me chamando para ser feliz de novo, com ele dentro de mim. Beliscava meus seios, lambia minhas costas, e eu enlouquecida novamente, rebolava enquanto ele me penetrava com força, tirando gritinhos meus. Eu estava pronta novamente para sentir o prazer, para sentir tudo de novo.
- Vamos juntos, linda? - Ele me convidou e em resposta eu empinei minha bunda, dando livre acesso a ele.
E assim ele fez, mais algumas penetrações, estímulos em meus seios e apertões em minha bunda, juntos chegamos a um orgasmo delicioso.
Ficamos jogados no chão, eu de costas tendo ele parcialmente em cima de mim. Enquanto eu não tinha forças nem para falar, apenas sorria feito uma boba, ele acariciava meu rosto.
- Preciso ir ao banheiro! - Ele disse.
- Claro! - Expliquei para ele onde era.
Enquanto ele se ausentava eu procurei recobrar a consciência e pensar em tudo que tinha acontecido. Não conseguia me arrepender, por mais incrível que pudesse parecer, mas era inevitável não pensar no meu famoso: E agora? E se o Eduardo souber? E minha filha? E a faculdade... E a vida agora?
Quer saber, dane-se! Deixa que saibam, que julguem que vão pro quinto dos infernos. Claro que minha filha será a única que vai saber de tudo, em detalhes possíveis, claro, do que aconteceu, e se me julgar sofrerei, mas já esta feito e não me arrependo. Me culpo sim, pleo que deixei de fazer em tantos anos, pelo que perdi, pelas oportunidades que passaram e eu nem vi. De resto, agradeço cada lição e em especial por ter vivido o que acabei de viver. Renasceu uma Bianca adormecida, que precisava voltar a sorrir a ser feliz, que precisava descobrir o amor verdadeiro, que é o amor próprio.
Quando ele estava voltando olhei para ele, maliciosa e sorri, pela milionésima vez, pois na verdade agora não estava mais nem ai para nada. Ia viver o agora, aquele momento e depois...
"Ah nem sei de mais nada!" 

Fim!

Espero que tenham gostado...
Não esqueçam de deixar seu recadinho aqui para mim... é muito importante!
Voltem sempre e vão em paz...


Beijinhos
Roberta Farig 








3 comentários:

Traição? Não sei de mais nada! - Conto erótico

Postado por Roberta Farig às 14:05
Até onde uma traição é uma traição? Tudo depende do ponto de vista de cada um. O fato é que só sabemos a dimensão das coisas quando é conosco... De resto, são apenas pré conceitos!


Traição? Não sei de mais nada!


Nada acontece diferente em minha vida. Tudo sempre igual, rotina chata e massante de uma mulher de quarenta e nove anos. Sou casada a mais ou menos trinta anos, já nem me lembro direito. Tenho uma filha linda de vinte sete anos, por isso deduzi o período em que estou casada. Sou coordenadora do curso de graduação em história de uma universidade particular, e até gosto do meu trabalho.
Vivo na cidade de Campo Grande, e aqui é muito quente e isso é algo que eu gosto muito. O clima de toda a região Centro Oeste é meio que, podendo assim dizer, sexy. Propicia as pessoas a se vestirem mais a vontade e as mulheres a ousarem nos modelitos. Na verdade por conta da minha profissão nunca pude extrapolar em decotes ou saias curtas, principalmente no dia a dia, mas não nego que a ideia de ser sexy sempre me atraiu. Nunca sai daqui, nem para estudar, preferindo uma universidade da região para me formar. Meu marido, Eduardo, já quis novos ares e cursou a faculdade de Direito em São Paulo. Na verdade ele vive até hoje em ponte aérea com o país todo, e posso até dizer que com o mundo. Ele se deu muito bem em sua profissão e por isso é requisitado profissionalmente em vários processos espalhados por todos os cantos. Ele ama o que faz.
Temos um casamento normal, bem parecido com a minha vida, sem muitas novidades. Ele viaja de segunda a sexta, ficando poucos dias da semana em casa e dormindo poucas noites comigo, exceto nos finais de semana, em que ele sempre prefere relaxar em sua poltrona, tomando sua cerveja ou ainda preparando alguma coisa em sua churrasqueira master. Bem coisa de homem desta região. Ele é feliz assim e então não me incomoda quase nada. A não ser pelo fato das roupas dele, que devem estar sempre impecáveis, mas nem sempre estão. Minha passadeira anda dando umas bolas foras ultimamente e acaba sobrando para que eu finalize as coisas. Mas no geral nos damos muito bem e somos felizes um com o outro. Ele me agrada sempre, trazendo presentes e mimos e me convidando para jantares inesperados. Nossa ultima viagem, para Paris, posso dizer que foi um dos melhores momentos de minha vida. A cidade luz é fascinante e o Edu fez questão de deixa-la ainda mais especial com noites regadas e boa comida, boa música e mais algumas coisinhas. Digamos que nessa viagem me vi na adolescência novamente, com todo o ânimo sexual possível e imaginável. Foi quente. Mas depois tudo voltou a ser como era antes e o tradicional "papai e mamãe" voltou a se fazer presente em minha cama. Até tentei em um dos retornos dele fazer umas brincadeirinhas enquanto ele assistia a seu jogo de futebol, mas não deu muito certo. Ele não entrou na brincadeira e eu me estressei, me achando uma tola. Aquele dia foi um dos que ele dormiu no sofá, literalmente.
Ultimamente ando sentindo essa necessidade de ousar, de fazer coisas inesperadas e até impróprias. Esses dias me peguei sonhando com uma noite quente de sexo totalmente diferente de tudo que já vivi e com outro homem. Me senti a despudorada, mas foi tão bom. Acho que me inspirei em livros que ando lendo, e que tem tanta abundancia de detalhes que te deixam por vezes com vergonha. Mas nem sei de onde tirei tanta safadeza, Jesus me abana!!! Enfim, o fato é que minha vida esta se tornando chata e eu tô precisando mexer o açúcar que esta lá parado no fundo do copo para que eu possa sentir o gostinho doce novamente.
Hoje eu acordei então pensativa e olhando pela janela da minha casa, para a piscina que fica no meu vasto quintal, resolvi agir. Abri o guarda roupa e procurei algo que fosse interessante, ousado. NADA! Que inferno de mulher mais casta sou eu que não tenho um decote ou uma saia curta. Totalmente revoltada, lembrei de um vestido preto que eu nunca usei. Ganhei de uma prima minha que mora no Sul. Nunca usei por ter um decote que mostra quase o meu umbigo, mas acho que agora ele vai servir. É sexta feira, e hoje não vou a universidade. Liguei pro salão de beleza que fica ali na esquina, e para a minha sorte eles tinham horários disponíveis. Nem bem desliguei o telefone, Eduardo já estava ligando.
- Oi querida, bom dia!
- Bom dia querido.
- Não quis te acordar hoje, pois levantei cedo.
- Tudo bem, sem problemas.
- Querida hoje não vou almoçar. Terei uma reunião logo após o almoço e não poderei me atrasar.
- Ah que pena. - Ele jogou um balde de água fria em meus planos ousados para a hora do almoço.
- Pois é, infelizmente meu bem.
- Mas você vem jantar comigo né? Sem viagens hoje, afinal é sexta feira.
- Claro, chego em casa antes das sete da noite, prometo. 
- Esta certo então querido.
- Se comporte e não sinta muito a minha falta viu. - Ele provocou.
- Me comportarei sim e vou te esperar ansiosa.
- Esse tom é de quem quer aprontar algo. Você anda muito estranha ultimamente Bianca. - Sim, me chamo Bianca.
- Eu? Calúnia! - Desconversei e gargalhei. - Te espero a noite então. Bom trabalho. Beijos.
- Beijos meu bem.
Sim, esse é nosso básico diálogo, sem muitas frescuras e sem muito romantismo. Chato né? Também acho e por isso quero mudar as coisas. O fato do Edu não vir almoçar me deixou frustrada, afinal eu estava aqui pensando em um almoço sensual. Só que diante disso mudaram-se os planos e terei que fazer um jantar sensual mesmo. Ou não!
Minha mente realmente anda fervilhando, pois em questão de minutos toda a decepção virou esperança, e uma ideia surgiu.
"Vou visita-lo no trabalho!"
Serei seu almoço inesperado. Isso! Sei que a Romana sai para o horário de almoço as onze e trinta e só volta as treze horas, então creio que terei tempo o suficiente para surpreende-lo e fazer, pelo menos, um esquenta para logo mais a noite. Isso! Perfeito. De lá vou ao shopping dar uma repaginada no meu guarda roupa de mulher de setenta anos. Achei um conjunto de lingerie preto também de renda que serviria bem para a ocasião. Estava animada!
No salão foi tudo perfeito. Uma escova bem modelada, unhas vermelhas e uma maquiagem bem básica, para não exagerar demais também. Passava das onze da manhã e eu já estava pronta. Como tem transito as vezes nesse horário, e o escritório fica do outro lado da cidade, resolvi ir de uma vez para não me atrasar.



No caminho coloquei um pen drive com músicas que minha filha, Georgia, tinha me dado a algum tempo e curti a adrenalina do que estava prestes a acontecer. Tocou de tudo, mas eu sou fã mesmo das músicas mais antigas, então ouvir Rita Lee me deixou mais leve.
Cheguei no escritório eram onze e meia em ponto. Para minha decepção a porta estava trancada, sinal que a Romana já tinha saído e o Eduardo tinha ido almoçar nas redondezas. Bufei mais uma vez frustrada. Mas lembrei-me que tinha as chaves do escritório, pois uma vez em que o Edu foi viajar, eu vinha abrir para que a secretária entrasse. Busquei as chaves no meu molho e ao abrir percebi que tinha uma música tocando de fundo e que vinha do escritório do Edu.
"Ele deve estar lá dentro almoçando. Perfeito" - Pensei alto.
Dei uma ajeitada na postura, fechei a porta do escritório, larguei a bolsa em cima da mesa da recepção, respirei fundo e fui, toda poderosa e confiante surpreende-lo. Abri a porta sedente de tesão!
- Mas que merda é essa?
Em choque estaquei na porta e gritei sem pensar.
- Bianca! O que você esta fazendo aqui!
Lá estava o Eduardo comendo seu almoço em cima da mesa de reunião. Tinha uma garrafa de vinho, frutas, alguns bombons e o prato quente que ele estava devorando totalmente nú era a desgraçada da secretária.
- Eu não sei o que eu estou fazendo aqui, Eduardo. Realmente eu acho que minha vida foi desnecessária, afinal você esta muito ocupado trepando com essa... - pensei em falar um palavrão, mas mantive a classe - com a sua refeição.
- Mas como você entrou? Que loucura! - Ele estava desesperado, totalmente nu passando as mãos na cabeça e olhando para mim e ela, já em pé, se escondia atrás dele.
- Eu tinha as chaves, você mesmo quem me deu, lembra? Mas não vem ao caso, Dr Eduardo. Vou deixa-lo almoçar em paz, pois depois você tem uma reunião muito importante eu presumo. - Falei olhando a garrafa de vinho ja começada. - E eu não quero atrapalha-lo. Bom apetite e boa tarde.
Fechei a porta atrás de mim, mesmo ouvindo ele me chamar e respirei fundo.
"Jesus o que eu faço?"
Peguei minha bolsa antes que ele viesse querer se justificar, pois tudo que eu não queria mais era olhar na cara dele. Nojo me definia. Abri a porta e só ai percebi o quanto eu estava tremendo. Bati a porta com força e nem me dei o trabalho de fechar.
"O que fazer agora? Preciso ir pra bem longe!"
Lembrei de um shopping que tinha ali perto e resolvi que lá seria o lugar ideal para ver coisas que me fizessem esquecer a cena lamentável que eu presenciei. Afinal nessa tremedeira dirigir não era a melhor opção. No caminho eu sentia minhas pernas bambas e minha cabeça leve, como se eu fosse desmaiar. Respirei fundo algumas vezes deixando o ar entrar e circular em meu corpo.
"Eu fui traída!" 
Falei alto, no meio da rua, sem me ligar que poderia ser ouvida. Avistei o shopping e apertei o passo, precisava beber alguma coisa, urgente. Na praça de alimentação sentei em um restaurante mais reservado, que estava relativamente movimentado, mas que não estava cheio. O garçom me atendeu perguntando o que eu gostaria. Olhei para ele e pensei "SUMIR!"
- Por favor, gostaria de uma caipira de vodca bem caprichada.
- E para comer, senhora?
Pensar em comer me dava embrulho no estômago.
- Nada por enquanto, e por favor, me trás uma garrafa de água com gaz enquanto espero.
Ele se foi e eu fiquei sozinha com meus pensamentos e minha indignação. Como ele teve coragem de fazer isso comigo? Caralho! Eu jamais desconfiei dele. Sempre achei que tinha casado com o homem mais fiel do mundo. O advogado revoltado com os casos de traições de seus clientes. O dono das morais mais antigas e retrogradas. Não me conformava. E com a secretária! Tudo bem que ela era bonita, jovem e ultimamente andava usando uns modelitos mais condizentes com uma mulher que vai para caça de homem, mas jamis pensei que ele perderia ao respeito desta maneira. Senti uma lágrima descer e permiti que apenas aquela caísse, pois não iria pagar o mico de chorar em público e sozinha. Seria obvio que saberiam - Ela foi traída!
A água chegou e bebi praticamente o copo todo que o garçom encheu em um gole só. Minha garganta estava seca e em meu estômago um nós perturbador me enjoava. Respirei mais uma vez para não chorar, agora de raiva. Eu não era merecedora daquilo. Meu telefone me despertou da pré choradeira. Era ele. Não atenderia jamais. Coloquei no silencioso. Desgraçado. E agora o que eu ia fazer? Uma traição não tem perdão, principalmente na minha idade, em que a fase da bobeira já passou. Mas então eu iria me separar? Meu Deus como assim? Mudança de vida de 360 graus? Eu queria dar uma sacudida na vida, mas não passar por um terremoto.
A caipirinha chegou e eu dei um gole bem grande nela. Estava doce e ao mesmo tempo carregada de vodca, o que em meu estomago vazio vez um reboliço. Resolvi pedir uma salada de frango, apenas para não dar vexame e passar mau no restaurante. Fiquei olhando o telefone tocar na mesa, até que a ligação passou a vir de outra pessoa.
- Fala filha. - procurei ser a mais calma possível.
- Mãe onde você esta?
- Por que? 
- O papai esta feito um louco atrás de você.
- O que ele quer comigo? - Falei brava.
- Clama mãe, eu não sei, só sei que ele esta perturbando minha vida aqui.
- Mande ele a merda e diga que não conseguiu falar comigo. 
- Mas por que isso mãe? Pirou?
- Ainda não, Georgia, mas estou a ponto de. - Respirei - Filha só preciso ficar quietinha um pouco, igual você me pedia quando estava em dúvida de algo, lembra?
- Sim mãe, me lembro. Que seja. Fique bem então e qualquer coisa me ligue.
- Pode deixar meu anjo. Amo você! 
- Eu também, beijos!
Quase chorei quando ouvi ela falar comigo. Não me conformo em como ela cresceu rápido. Minha menina já é uma mulher e casada. Não tem filhos ainda, o que eu lamento muito, mas esta formada em direito e é quase uma juíza, como sempre sonhou. A vida seguiu seu caminho e me provou que eu fiz meu trabalho perfeitamente bem. Só desejo hoje com todo o meu coração que ela nunca passe pelo que eu acabei de passar. Essa humilhação eu não desejo para ninguém.
Logo chegou minha salada e eu pedi outra caipirinha para acompanhar. Comecei a comer, estava já com a cabeça leve e desta vez por conta do álcool. Não estava com fome, mas percebi que meu estomago necessitava de alimentos, urgente. Terminei a salada e a caipira já estava no fim.
"E agora, o que eu faço?
Me perguntava isso o tempo todo, pois estava mais perdida do que cego em tiroteio. Pensei em ligar para alguma amiga, mas a coragem me faltava de contar tudo que eu tinha visto. Todos sempre acharam que eu tinha o casamento perfeito, e até eu achava. Mesmo com a rotina e a falta de emoções, eu acreditava que fazíamos um ao outro feliz. Mas creio que me enganei. Ele estava era vivendo as fortes emoções fora de casa, enquanto eu me senti a velha chata que não tinha criatividade. Mandei uma mensagem.
" Por favor, não vá para casa hoje, preciso ficar sozinha e creio que não faltará lugar para você passar a noite. Espero que ao menos respeite esse pedido que eu te faço. Obrigada!"
Não esperei respostas e desliguei o celular. Resolvi caminhar um pouco, olhar as vitrines. Não que isso fosse algo que eu gostasse tanto assim de fazer, mas era o que eu tinha para aquele momento. Andando pelos corredores percebi que eu estava já alterada pela bebida, pois tinha um homem muito lindo e bem vestido olhando e sorrindo para mim. Olhei para os lados, disfarçadamente para ter certeza e para a minha surpresa era eu a escolhida mesmo.
- Boa tarde, Sra Ramos.
- Boa tarde! - Porra, ele me conhecia, será que era meu aluno?
Ele ficou me olhando de cima a baixo, e só ai lembrei-me de como eu estava vestida.
- Passeando um pouco?
- Pois é, aproveitando a tarde livre, e você? - Perguntei tentando descobrir de onde eu o conhecia.
- Faço estágio em uma empresa aqui perto e aproveitei que o trabalho por lá terminou para vir comer alguma coisa.
- Hummm - Foi o que consegui responder. Ele era um aluno da universidade, mas de que curso?
- Por acaso a Sra aceita tomar um café?
Café? Com esse odor de cachaça ele deveria estar de brincadeira comigo.
- Pode ser, acho que seria bom. - Falei rindo.
"Bianca, você esta ficando louca?"
Depois que eu aceitei pensei,  afinal como assim tomar um café com um desconhecido, e pior um possível aluno. Olhei para todos os lados para evitar que isso fosse algo assim, público demais. Mas afinal o que tem demais eu tomar um café com um aluno? Fiz isso tantas vezes na universidade.
Sentamos em uma cafeteria e ele puxou assunto, dizendo que ficou surpreso em me encontrar ali. Eu desconversei e disse que tinha vindo comprar um presente para a minha filha e que acabei esbarrando com ele. Ele então me falou do quanto esta feliz em seu estágio e que cursa o sexto ano de direito. Minha cara de espanto foi tão grande que ele notou, mas procurei justificar com o fato de eu conhecer tantos advogados e admirar tanto essa profissão. Ele me pareceu seu um homem já maduro para a sua idade, cheio de sonhos e planos, e ao que parece uma família não esta na lista dele. Mas mesmo assim ele era carinhoso e olhava-me nos olhos. Quando nossos café chegaram eu estava com o cotovelo na mesa e apoiando o rosto nas mãos olhando-o falar de seus planos, enquanto ele olhava dentro dos meus olhos.
Assim que tomei o primeiro gole do meu capuccino deixei escapar uma gota pelo canto da boca e rapidamente enxuguei com a língua antes que caísse em minha roupa. O olhos dele então parecem ter mudado de cor, totalmente vidrado em minha boca e o clima esquentou.
- Desculpe! - Ele falou percebendo que eu tinha notado o seu interesse pela minha boca.
- Tudo bem, Augusto.
- Pode me chamar de Guto, Sra Ramos.
- Esta certo, me chame de Bianca, então.
Perdi totalmente a cabeça. Onde já se viu deixar um aluno ter tanta intimidade assim comigo?
Papo vai e papo vem, a tarde já era chegada e eu precisava voltar a minha triste realidade.
- Eu levo você para casa, Bianca!
- Não precisa, eu pego um táxi. - Não queria ir pegar meu carro e dar de cara com aqueles dois.
- Por favor, eu faço questão.
Pensei em dizer que não, mas algo me dizia - porque não?
Saímos do shopping já era passado das três da tarde, nem vi o tempo passar, pois a conversa estava animada. O melhor de tudo é que não tocamos no assunto casada e família, a não ser pelo fato de ele dizer que ainda mora com os pais.
No estacionamento me surpreendi com o que vi. Ele era dono de um carro bem caro que não condizia com a sua atual situação financeira de estagiário.
- Belo carro, gosta de possantes?
- Sim, sou vidrado por emoção.
- Esse carro deve te dar muitas emoções mesmo. - Falei imaginando quantas mulheres ele deveria levar para dar uma volta. E agora seria eu. Maliciosa senti vergonha, mas sorri diante da possibilidade.
Ele apenas sorriu e abriu a porta para mim, foi quando me desequilibrei e cai em seus braços.
Ali me perdi e me encontrei. Um pouco de cada, um pouco de tudo. Olhei aqueles olhos negros observando-me como uma presa e não resisti, permiti que ele me devorasse.
E ele me beijou!

Continua...


                                                                   ***** X *****


E ai, gostaram? Perguntinha básica que sempre faço né gente... 
Afinal é bom demais receber esse retorno de vocês!!!
Não esqueçam de deixar um recadinho para essa que vos escreve...
Ficarei muito feliz em ler e responder...

Beijinhos!!!
Roberta Farig

3 comentários:

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Uma vida, várias histórias, muitos sonhos... Delicie-se nas aventuras eróticas dos meus personagens e conheça um pouco mais da Betinha. Seja bem vindo e fique à vontade! ♥

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Roberta Farig
Florianópolis - Ilha da Magia!, SC, Brazil
Sou eu mesma sempre... goste você ou não! Fique a vontade mas não esqueça de se identificar né... para que eu possa agradecer seu carinho em estar aqui comigo compartilhando de minha vida!
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Sonho... Realidade

"Foi como se uma chama dentro de mim acendesse, um calor indescritível, um desejo incontrolável. O beijo do Edu era uma experiência completamente nova para mim, e era algo que realmente me consumiu naquele momento. Eu retribui tal ósculo como fome desenfreada. Não sei dizer se foi longo ou não, mas durou o tempo necessário para roubar-me o ar". (Entre o sonho e a realidade)

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