As vezes a vida nos mostra que o errado de muitos é o certo para nós. Ou ainda que não existe porcaria nenhuma de certo ou errado, pois tudo é uma questão de ponto de vista. Esse conto vai tratar de algo novo para mim. Na verdade vou falar de amor e tesão, mas através de um casal literário novo, sendo que sempre quis escrever textos sobre o tema, mas insegura tinha medo. Dane-se o medo, resolvi tentar... Espero que gostem!
Não ou nunca?
Em um encontro de amigas tudo pode acontecer. Aquele flerte
que há tempos é cobiçado pode aparecer e dar mole, ou então um gatinho novo
aparecer, ou ainda aquela amiga que levou um pé na bunda resolve afogar as
mágoas. Tem também aquela amiga que vai apenas para se lamentar, ou ainda
aquela amiga que na verdade participa dos encontros apenas para se divertir,
pois tem uma vida resolvida e feliz.
Suzeli é essa amiga. Jovem, bonita e bem resolvida em vários
aspectos, ela adora ir ao encontro das amigas para poder ajudar, claro, seja
com uma palavra amiga ou uma gargalhada, mas também para perceber o quão
afortunada ela é. Filha única de pais aposentados públicos, ela é uma recém
formada em medicina, que por hora dedica-se apenas ao atendimento dos mais
necessitados, ganhando pouco e trabalhando muito. Ela é feliz assim, pois ama o
que faz e melhor é poder fazer sem esperar o famoso e esperado retorno
financeiro em troca. Não que ela seja daquelas pessoas que acha que não precisa
de dinheiro para sobreviver, longe disso. Vaidosa ela adora suas idas ao
cabeleireiro e também curte umas comprinhas de vez em quando. Mas por ter tido
uma boa educação, procurou a vida inteira se programar para o futuro e uma
poupança sempre foi como uma conta de mês para ela. Em complemento, o fato dos
pais serem bem remunerados, sempre teve gordas mesadas e muitos presentes, o
que a faziam economizar o que ela guardava. Ela não era mimada, sabia o valor
de tudo, o fato é que ela realmente fazia por merecer seus agrados.
Quando ela entrou para a faculdade de medicina, seus pais a
presentearam com um carro novo. Foi um carro popular, mas completo. Na época
nem sabia dirigir direito, mas certamente o veículo facilitou sua vida
universitária e pessoal, pois além de ir e vir da universidade, Suzeli também
aproveitava para passear nos finais de semana. Foi na universidade que conheceu
a maioria das amigas que hoje compõem seu círculo de amizades. Talia, Aline,
Tina e Márcia que são alunas assim como ela, mas de cursos diferentes. Tem a
Olivia que é sua amiga dos tempos de colegial, mas que não faz faculdade, pois
preferiu por aprender na prática sobre como administrar os negócios da família
e cuida então do mercado dos pais. Todas se dão muito bem e lógico que se aproximaram,
em sua maioria, por conta da amiga em comum, Suzeli. Elas são bastante unidas,
e procuram participar uma da vida de outra. Quando Tina casou, ainda no início
da faculdade por conta de uma gravidez inesperada, as cinco amigas foram suas
testemunhas e todas também, de alguma maneira, se tornaram madrinhas do anjo
Bem. Ela também era estudante de medicina, e na época Suzeli a ajudou no que
foi possível para que ela não se atrasasse tanto enquanto estava de licença
maternidade. Já Aline é aquela amiga que vive em busca do ficante da vez. Não
se apega a ninguém, mas também não gosta de terminar a noite sozinha. Ela é
formada em fisioterapia, sendo então dona de um corpo muito bem cuidado, mas
que não resiste a uns chopps nos finais de semana. Já a Talia é formada em
pedagogia. Conheceu Suzeli em um acidente de transito, onde as duas foram
lesadas e por isso acabaram estreitando os laços e deste acidente de percurso
nasceu uma linda amizade. Uma menina doce, mas que se acha o patinho feito, e
sempre fica lamentando que o amor platônico não dá bola para ela. Enquanto que
a Márcia é a amiga casada que se lamenta por ter casado. Formada em enfermagem,
ela é a típica mulher que não nasceu para ser de um homem só. Triste isso, pois
seu marido é simplesmente tudo que uma mulher pediu a Deus. Educado, amigo,
carinhoso e bem resolvido em todos os aspectos, e devota por ela um amor puro e
verdadeiro. Ela o ama, e diz que gosta de estar com ele, mas não resiste a uma
boa cantada e um sorriso sacana. Márcia é um caso perdido, pois não caga e nem
sei da moita. Já Olivia é a moça perfeita. A filha que todo o pai pediu a Deus.
Caseira, só sai nesses encontros de amigas, ela dedica sua vida a dar
continuidade à empresa do pai e faz isso com gosto. É noiva de um administrador
também, mas que não trabalha, por dizer que não achou ainda o emprego certo.
Olivia o respeita e alega que ele deve mesmo buscar trabalhar no que o faz bem.
Até ai tudo bem, o problema é que já se vão seis anos de não fazer nada e ser
sustentado pela mãe viúva e pela noiva bobinha, sem perspectivas de crescer e
multiplicar. Enquanto que Suzeli é a típica moça do “deixa disso”. Não se apega
fácil, e nem se deixa apegar, ela teve poucos relacionamentos em seus vinte
oito anos de vida e parece que isso é o que a faz bem. Diz não estar preparada
para relacionamentos longos, que anda busca seu lugar ao sol no aspecto
profissional, e que isso toma seu tempo. As meninas as vezes ficam encucadas se
ela realmente se sente bem assim, ou se falta alguma coisa nessa história. Ela
desconversa, diz que poucos a atraem e muitos dos que se sentem atraídos por
seu corpo avantajado de curvas e gostosuras, não a apetecem. Por fim ela diz
que vai ser a eterna titia, pois não pensa em se relacionar com ninguém.
Mas, teve um dia que algo mudou.
Depois do tradicional encontro mensal das amigas, Aline e
Suzeli resolveram esticar um pouco mais a noite de quinta feira. Foram para um
barzinho com música ao vivo. Lá tinha uma banda pequena tocando um forro
universitário. As duas adoraram e aproveitaram a noite. Lá pelas tantas, Aline
se engraçou por um dos músicos e ficou trocando olhares com ele. Suzeli se
divertia com as investidas da amiga e dava gargalhada. Num desses momentos ela
percebeu que também estava sendo cobiçada. Era um olhar diferente. Tinha
ternura, tinha encanto, mas também era carregado de tesão. Suzeli se assustou a princípio, pois jamais
imaginou que se interessaria por um olhar que para ela sempre pareceu tão
“nunca”, mas que do nada, em seu coração passou a ser “será?”. Foi ao banheiro retocar o batom vermelhor e dar uma ajeitada no visual, pois precisava respirar. A madrugada ia
chegando e não demorou muito para que Aline dissesse “lamento amiga, mas o
tesão me chama”. As duas riram juntas, e Suzeli disse que também já iria. Aline
deixou sua parte no pagamento da conta do que consumiram no bar e foi com seu forrozeiro
loiro para sabe-se lá qual motel. Enquanto que Suzeli terminou de tomar sua
terceira batida de abacaxi com calma e tentando achar aquele olhar que a pouco
a cativou, mas que havia sumido. Ela então pagou a conta, deu mais uma olhada
pelo bar e como não encontrou quem queria resolveu ir embora.
Durante seu trajeto para o carro ela foi abordada.
- Oi.
Assustada ela deu um leve grito.
- Que susto! – Bradou.
- Desculpe, não queria assustar você. – As desculpas pareciam sinceras.
- Tudo bem. – Respondeu ela ainda com o coração acelerado, mas não era apenas pelo susto, e sim por aquele instigante par de olhos a observá-la tão de perto.
Um silencio pairou no ar, ninguém falava nada e uma eletricidade pairava no ar.
- Eu te conheço de algum lugar.
- Pode ser que sim. – Respondeu Suzeli – Você estudou na universidade federal?
- Sim, me formei em medicina lá fazem alguns anos.
- Então com certeza é de lá, sou formada a pouco mais de um ano também em medicina.
- Claro, você fez parte da turma que assistiu nossa apresentação de mestrado.
Instantaneamente Suzeli lembrou-se que já tinha visto aqueles olhos, lógico. Mas estavam tão diferentes. Naquele dia ela se lembra que era olhos concentrados, com medo e pouco atraentes.
- Sim verdade, agora me lembro de você. Fez sua monografia sobre saúde da mulher, não é verdade?
- Exatamente. Boa memória Doutora? – Aproveitou para perguntar o seu nome.
- Suzeli Pacheco, mas deixe o “doutora” para os centros de saúde da vida. Me chame de Suzeli. E o seu nome?
- Sou Georgia.
- Que susto! – Bradou.
- Desculpe, não queria assustar você. – As desculpas pareciam sinceras.
- Tudo bem. – Respondeu ela ainda com o coração acelerado, mas não era apenas pelo susto, e sim por aquele instigante par de olhos a observá-la tão de perto.
Um silencio pairou no ar, ninguém falava nada e uma eletricidade pairava no ar.
- Eu te conheço de algum lugar.
- Pode ser que sim. – Respondeu Suzeli – Você estudou na universidade federal?
- Sim, me formei em medicina lá fazem alguns anos.
- Então com certeza é de lá, sou formada a pouco mais de um ano também em medicina.
- Claro, você fez parte da turma que assistiu nossa apresentação de mestrado.
Instantaneamente Suzeli lembrou-se que já tinha visto aqueles olhos, lógico. Mas estavam tão diferentes. Naquele dia ela se lembra que era olhos concentrados, com medo e pouco atraentes.
- Sim verdade, agora me lembro de você. Fez sua monografia sobre saúde da mulher, não é verdade?
- Exatamente. Boa memória Doutora? – Aproveitou para perguntar o seu nome.
- Suzeli Pacheco, mas deixe o “doutora” para os centros de saúde da vida. Me chame de Suzeli. E o seu nome?
- Sou Georgia.
Continua...
O que mais vem por ai???
Fiquem ligados e não percam a continuação deste conto que esta sendo um desafio para mim, mas não nego que um desafio muito instigante.
Beijinhos
Roberta Farig